O ex-governador André Puccinelli deixou o PMDB manquitola de vez ao retirar-se de cena e deixar o terreno livre aos adversários que querem a hegemonia política e administrativa em Campo Grande a partir do próximo ano. Depois de comandar duas derrotas humilhantes, a primeira em 2012 na eleição municipal e a segunda em 2014 na estadual, Puccinelli agora joga a pá de cal sobre o partido que já foi o mais forte e representativo de Mato Grosso do Sul em mais de 20 anos.
A desistência de Puccinelli, confirmada na tarde da última segunda-feira (11), não chega a ser novidade. Quando entregou o governo do Estado no final de 2014, amargando o revés de não ter feito seu sucessor, ele já avisava que se retiraria para o recesso da vida em família e fazer política só eventualmente. Na verdade, embora reconhecendo o direito e a necessidade de recompor a assiduidade que a política tira do cotidiano familiar, ele já pensava e agia como se fosse o gato escaldado: depois de duas derrotas, vendo seu PMDB desmilinguir e o PSDB de Reinaldo Azambuja crescer, melhor mesmo seria aposentar-se.
Escolheu um momento aparentemente ruim para sair de cena. Foi como fez Pedro Pedrossian, que quando encerrou seu terceiro mandato de governador, em 1994, estava no auge do reconhecimento popular como o maior tocador de obras e de ideias na história deste Mato Grosso do Sul. Poderia viver o restante da vida saboreando este superávit de avaliação positiva junto à opinião publica. Mas preferiu continuar disputando eleições e perdeu, duas, só então indo embora para casa.
No caso de André Puccinelli, mesmo ganhando a última eleição que disputou, a da reeleição em 2010, estão na sua conta os débitos das derrotas de seus candidatos Edson Giroto, à Prefeitura, em 2012, e Nelsinho Trad, ao Governo, em 2014. Em ambas, foi ele o artífice das duas candidaturas e maior cabo eleitoral. Assumiu os riscos e sobre seus ombros caiu a responsabilidade pelo revés das urnas.
Agora, é imprevisível o futuro do PMDB. Por enquanto, consola-se com a hipótese de pegar uma carona com outros partidos e seguir adiante montado na garupa. Quanto ao seu ex-maior líder, o partido viverá a emoção de não tê-lo mais a seu lado, para sorte dos netinhos que ganharam de vez um avô a quem fazer de motorista.
GERALDO SILVA