Em entrevista à TV Morena, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) desmentiu mais uma vez as versões que no dia anterior levaram a PF (Polícia Federal) a efetuar 14 procedimentos, entre os quais 13 detenções e sua condução para depoimentos. Após uma operação policial midiática, o governador teve a oportunidade de apresentar os esclarecimentos sobre as denúncias nas delações premiadas de dois delatores da holding J&F, que controla a JBS.
Azambuja explicou que as denúncias dos irmãos Joesley e Wesley Batista foram uma retaliação à nova política de cobrança de impostos em Mato Grosso do Sul. “É momento de restabelecer a verdade para a população. Esse grupo [JBS] roubou o Brasil. Desviou recursos em muitos estados brasileiros. E ainda fez uma delação, que inclusive foi homologada pelo Ministério Público Federal, que foi questionada pelo próprio Ministério Público, pedindo a anulação”, afirmou.
Em seguida, pontuou: “Esse pessoal [JBS] era mal acostumado aqui em Mato Grosso do Sul. Eles tinham benefícios fiscais e pagavam poucos tributos aqui. E nós os enquadramos, como enquadramos todas as cadeias produtivas”, salientou. Azambuja disse que o grupo pagava poucos tributos e só fez essa delação após um embate com o Governo do Estado, que acabou com os privilégios da empresa.
“Igualamos os benefícios fiscais do grupo JBS, da holding J&F, [com os de outros frigoríficos]. E posso dizer, com muita tranquilidade: eles saíram de R$ 41 milhões/ano, que era o que pagavam até 2014, para no último ano, em 2017, pagar R$ 199 milhões de tributos. E hoje Mato Grosso do Sul tem o melhor programa de incentivos fiscais de todo o Brasil”, enfatizou. A partir daí, segundo o governador, a JBS deu início a uma campanha suja e mesquinha contra o Governo.
“Nós tivemos ali momentos extremamente tensos. Ameaçaram fechar plantas, fecharam em Coxim, em Iguatemi; colocaram funcionários na Assembleia Legislativa quando o Estado pressionou a mudança dos incentivos fiscais. E nós os enquadramos para pagar mais impostos”, contou. E ainda ironizou os seus delatores: “Eles disseram que nos pagavam propina. Mas eu pergunto: quem é que vai pagar propina para ter o seu imposto aumentado?”.
O governador falou também sobre sua presença diante dos agentes da Polícia Federal para prestar esclarecimentos. Disse que respondeu todas as 34 perguntas que lhe foram feitas, lembrando que havia um ano e meio de espera pela oportunidade de se defender no processo. “Eu queria falar, nunca tinham me dado a oportunidade”, salientou. Líder das pesquisas de intenção de voto, ele estranhou o fato de a operação policial acontecer a apenas 20 dias da eleição. “Poderiam ouvir todos antes. Inverteram a situação: primeiro prendem e depois investigam”.
Ao ser indagado sobre a participação do seu filho, assessores e amigos próximos, como o ex-secretário de Fazenda, Márcio Monteiro, no suposto esquema, declarou que perguntaram a ele na PF se houve recebimento ou pagamento de propina. “Eu disse que não. Perguntaram sobre a doação oficial, expliquei os detalhes da doação oficial ao PSDB. Expliquei os termos de acordo que nós mudamos para 1.199 empresas. Nada a esconder. Respondi 34 perguntas e não ficou nenhuma dúvida, porque não tem dúvida. Eu tenho a obrigação de prestar contas à população do meu Estado e estou fazendo”.
CARAVANA
Na entrevista, Reinaldo Azambuja também comentou outros assuntos, como a regionalização da saúde, que está em implantação, e sobre o maior programa da história na área. O governador informou que a regionalização continua em andamento, com a reforma, ampliação e construção de hospitais na Capital e no interior e a entrega de equipamentos, mas que vai manter a Caravana da Saúde.
“A Caravana é um programa para suprir uma necessidade. É para tirar da fila pessoas que ficaram anos esperando. Quando comecei o governo tinha 72 mil pessoas para fazer uma cirurgia. Perguntem para quem foi na Caravana da Saúde se não está contente. Foram 66 mil pessoas que passaram por uma cirurgia. Gente que estava aguardando havia 10, 15 anos. Desculpem-me os críticos, mas enquanto houver uma pessoa para fazer a cirurgia, eu vou continuar, se for eleito, com a Caravana da Saúde”.
Azambuja reforçou destacando que a Caravana é um programa para suprir uma necessidade imediata. “O que vale é a regionalização. É Coxim com hospital. É Ponta Porã. É Três Lagoas, é Dourados, é o Hospital do Trauma, Hospital do Câncer, é Nova Andradina, é Naviraí. Um programa de regionalização que ainda está sendo implementado. Caravana é para tirar da fila pessoas que ficaram anos esperando”, pontuou.
Assegurou ainda que pretende, se eleito para um segundo mandato, manter a redução de cinco pontos percentuais da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o preço do diesel, aplicada em junho deste ano, após o governo ter firmado acordo com os caminhoneiros do estado para que eles encerrassem a paralisação que havia sido iniciada em maio.