Toda disputa por espaços dentro do PSDB é aberta e democrática, todavia existem momentos estratégicos em que a unidade não pode sofrer abalos, ainda que episódicos. A avaliação é de um dos principais dirigentes e interlocutores da legenda, o tesoureiro do Diretório Estadual e assessor especial de Articulação Política do Governo, Sérgio de Paula, ao defender o nome do governador Reinaldo Azambuja como elemento singular de unificação para evitar que a disputa entre os deputados federais Rose Modesto e Beto Pereira pelo comando da legenda produza complicadores.
“Não posso dizer que essa disputa nos incomoda, porque ela é um retrato positivo da força partidária, da afirmação de nosso crescimento, de nossa vitalidade. No entanto, é preciso considerar que vivemos um momento estratégico, tanto na responsabilidade política do partido como na responsabilidade administrativa de um governo que é conduzido pelo PSDB”, analisa de Paula. Para ele, mesmo sem ferir o programa e os estatutos, e afinadas com o partido, as correntes ligadas a Rose e Beto vivem um momento de confronto, que é saudável, mas pode gerar desdobramentos indesejados.
“O nome de Reinaldo Azambuja é, indiscutivelmente, a grande pedra de toque da nossa unidade. É a liderança de todos os tucanos de Mato Grosso do Sul, a real garantia de que a ação política e a condução orgânica do partido seguirão compactas, coesas”, frisa. A seu ver, a disputa por espaços no PSDB sempre foi estimulada e historicamente faz parte do processo de amadurecimento político e de afirmação orgânica. De Paula descreve itens que diferenciam Azambuja como líder político mais efetivo e acreditado na política estadual:
“As projeções positivas que destacam Mato Grosso do Sul no cenário dos estados que conseguiram enfrentar e vencer a violenta conjuntura recessiva é uma credencial que já o diferencia em âmbitos local e nacional. Mas ele é também um governante que governa para as pessoas, um ser político humano e consciente do papel que exerce governando com responsabilidade, como magistrado. Tem serenidade e voz firme para dialogar, humildade e paciência para ouvir. E conhece a fundo as possibilidades e os desafios do PSDB, porque vem interagindo pessoalmente com todas as forças e a militância do partido”, alinhavou de Paula.
CONSENSO
Sobre quais serão as consequências do embate entre seguidores de Rose e Beto, o dirigente disse que não vê o PSDB correndo riscos de rachaduras. Mas reitera ser fundamental à legenda prevenir-se de demandas incômodas e desnecessárias, que podem ser evitadas sem prejuízo de qualquer interesse legítimo dos filiados. Por isso, confia no bom-senso e no discernimento de todos os envolvidos na disputa, apontando o interesse máximo que é ter um partido forte e acreditado para defender as grandes causas da sociedade.
Sérgio de Paula admite que sem o consenso entre os grupos de Rose e Beto haverá espaço para a opção por uma terceira via, com o nome de Reinaldo Azambuja como melhor de todas as alternativas. “É o nosso comandante, é quem nos têm liderado até aqui em todas as nossas intervenções, numa caminhada que, com sua visão estratégica, é marcada por várias vitórias”, salientou.
LIDERANÇAS APOIAM
A eleição do diretório e do comando da Executiva acontecerá em abril próximo. Na presidência desde novembro de 2017, Beto Pereira quer renovar o mandato, enquanto Rose, por conta de sua trajetória, considera ser legítimo o direito de reivindicar a investidura. De qualquer forma, a análise e as ponderações de Sérgio de Paula calaram fundo entre as lideranças partidárias.
O deputado estadual Marçal Filho gostou da sugestão com o nome de Azambuja. “É a maior liderança do partido, então encerra qualquer discussão, acredito que Beto e Rose aceitariam a decisão”, comentou. Também membros da bancada estadual, Felipe Orro e Paulo Corrêa, presidente da Assembleia Legislativa, opinaram favoravelmente. “Com o Reinaldo não haveria impasse algum”, aposta Orro. “A presença do governador é, acima de tudo, uma palavra definitiva de entendimento”, emenda Corrêa.
Com a conquista de duas vagas na Câmara Federal, cinco na Assembleia Legislativa e a reeleição de Azambuja, o PSDB reafirmou-se nas eleições passadas como a principal força política de Mato Grosso do Sul. Contudo, terá pela frente um complexo desafio em 2020, nas eleições municipais. O partido até hoje amarga o tabu de nunca ter conquistado as prefeituras de Campo Grande e Dourados, as duas maiores cidades do Estado. E há também os municípios aonde o PSDB tem candidaturas competitivas que querem disputar a sucessão, razão pela qual a legenda precisa estar estruturada e pronta para prestar o apoio necessário.
“É exatamente de olho nesse desafio que se impõe o chamamento coletivo para a preservação e o fortalecimento da unidade partidária. Se o caminho for mesmo a disputa, pela vontade dos filiados, não haverá problemas, a vontade será respeitada, porque nosso partido é democrático. No entanto, eu acredito na via do diálogo, do bom-senso e do entendimento pela coesão. E esta coesão tem um nome que ninguém contesta: Reinaldo Azambuja”, concluiu de Paula.