O presidente do Diretório Estadual do PSDB, Sérgio de Paula, assumiu o cargo há 10 dias com a incumbência de conduzir basicamente dois processos: um, interno, que é pacificar as correntes, preparando a estratégia eleitoral para as eleições municipais de 2020; outro é a renovação do oxigênio da base governista, que inclui o entendimento com diversas agremiações partidárias e forças políticas e sociais.
Feliz com as “demonstrações de grandeza e maturidade” dos deputados federais Beto Pereira e Rose Modesto, que desistiram de disputar o comando da legenda para fechar o consenso em torno de seu nome, de Paula ressalta a importância da unidade e do envolvimento de toda a militância na dinâmica política e administrativa de gestão do PSDB. A respeito do que já analisou sobre o ano eleitoral, disse que todas as disputas municipais precisam ser vistas com olhares específicos e serenos sobre cada realidade.
O dirigente reverbera iguais considerações do governador Reinaldo Azambuja, um amigo e parceiro da política desde quando atuou em sua campanha na reeleição para a Prefeitura de Maracaju, no ano 2000. Hoje, secretário especial de Articulação Política do Governo, Sérgio de Paula é um dos principais pensadores e articuladores da política no Estado. Conhece o partido nos detalhes, informa-se constantemente sobre como está cada diretório municipal e faz a leitura precisa e serena das decisões a serem tomadas, tanto no interesse do partido como nas intervenções em que é chamado para atender às demandas do governo.
CHAPAS
Ao comentar o interesse de lideranças e filiados pelo lançamento de chapa própria em Campo Grande, o dirigente pondera: “Crescer e ganhar espaços é a vocação natural de qualquer partido, sobretudo um partido que é nacional, tem uma musculatura orgânica diferenciada. Porém, estamos numa democracia, e as nossas decisões precisam ser coerentes com o regime que defendemos. Vamos decidir com serenidade, com calma, com avaliações objetivas, considerar o custo-benefício programático e político, pois em primeiro lugar está o que podemos oferecer à sociedade”, salientou.
É com esta visão que Sérgio de Paula inicia seu mandato à frente do Diretório. Ele já vinha conversando com dirigentes e lideranças municipais sobre os desafios eleitorais, focalizando questões como o fim das coligações proporcionais. Por isso, quer preparar o partido para a formação de chapas puras competitivas, que reproduzam a capacidade de formar lideranças e afirmar os quadros que já se destacam na vida social e política de cada município.
Com a experiência de quem conhece bem a economia interna do PSDB, de Paula tem a expectativa de uma solução saudável e edificante para o PSDB em Campo Grande, que é o maior colégio eleitoral do Estado e fornece a vitamina mais forte para as disputas em nível estadual. Tem consciência da disposição do governador Reinaldo Azambuja de apoiar a reeleição do prefeito Marquinhos Trad (PSD), mas nem por isso tenta frear o avanço da tese de candidatura própria, que tem entre seus defensores a deputada federal Rose Modesto.
“Definições sobre as alianças e chapas majoritárias e proporcionais só teremos em abril do ano que vem, depois de um amplo, democrático e objetivo debate de toda a militância. Vamos construir nesses debates as diretrizes dos programas de governo, que respeitarão as realidades específicas de cada município, mas tudo isso de acordo com as linhas programáticas do partido”, anunciou. “Nós temos um grande líder, o governador Reinaldo Azambuja, cuja estatura política, ética e gerencial já fala por si, haja vista os resultados que vem acumulando na sua vida pública. Ele é o nosso comandante. Eu sou apenas um instrumento, faço parte de uma imensa e dinâmica engrenagem que gira em favor do bem-estar das pessoas e do desenvolvimento do Estado”, enfatizou.
COESÃO
Sérgio de Paula chegou à presidência exatamente por sua capacidade unificadora, pelo conhecimento profundo das demandas do PSDB e pela habilidade na hora de buscar o entendimento quando o ambiente é de confronto. Era este o cenário que se desenhava com a disputa interna entre Rose e Beto Pereira, que poderia levar o partido a um embate de consequências imprevisíveis. Com sua escolha para a presidência, o PSDB foi pacificado e ele reconhece, com veementes elogios, o papel fundamental desempenhado pelos dois parlamentares.
Agora, é necessário e inadiável pensar a melhor forma e o melhor conteúdo para responder aos desafios de um partido que tem o maior número de prefeitos (43) e de vereadores de Mato Grosso do Sul. No entanto, de Paula considera que a hegemonia partidária no poder não pode ser um desejo acima de tudo e de todos. “Se estamos em uma democracia, é preciso andar juntos, que todos se deem as mãos, que sejam buscadas soluções comuns”.
Em relação à disputa pela Prefeitura de Campo Grande, o secretário destacou a densidade eleitoral da deputada Rose Modesto (PSDB) e disse acreditar que ela deseja voos maiores, como a vontade de ser a candidata pelo ninho tucano no próximo ano, mas reitera que a decisão sobre ter candidato ou apoiar outro partido será tomada somente no ano que vem. Na relação com os aliados na disputa pelos municípios, disse que irá procurar fortalecer o partido procurando espaços, mas terá maturidade em relação a quem tiver a preferência do eleitorado. “Vamos ter umas 55 a 60 candidaturas e o eleitor é quem vai decidir”, declarou.
Sobre a disputa pela prefeitura de Dourados, segundo maior colégio eleitoral do Estado, destacou os nomes dos deputados Barbosinha (DEM), Marçal Filho (PSDB) e Renato Câmara (MDB) como três líderes para o município. E informou que o vice-prefeito Murilo Zauith será ouvido na escolha, mas ela será feita com base em quem estiver melhor colocado. Também descartou que secretário de Saúde Geraldo Resende (PSDB) participe do pleito, pois assumiu cargo na gestão de Azambuja para cumprir os quatro anos.
LEGITIMIDADE
Para resumir a dinâmica de diálogo e de entendimento que garantiu o consenso na escolha de Sérgio de Paula para presidir o diretório, Azambuja empregou alguns termos contundentes. Um deles foi “legitimidade democrática”, ao referir-se ao processo de participação política e de deliberação partidária. Outro foi “maturidade”, aplicado à renúncia de Rose e Beto para fechar o consenso. E mais um adjetivo do governador realçou o perfil do escolhido: qualificação.
“O Sérgio de Paula não só conhece o partido e a militância como poucos, mas é também um homem de predicados que o diferenciam, sobretudo a capacidade de ouvir e de analisar, de fazer a leitura correta dos diferentes momentos, de reconhecer quando está errado e de viver intensamente o PSDB, o programa e os estatutos. Ele faz isso há mais de 20 anos. O partido está em ótimas mãos”, disse Azambuja. Acrescentou ainda que o novo dirigente tucano terá a seu lado todos os membros do diretório e os filiados, em geral, atuando “de maneira compacta e determinada para cumprir os grandes destinos do PSDB”.