Dois vereadores da Câmara Municipal de Corumbá – Luciano Costa (PT) e Rufo Vinagre (PR) – estão no alvo de graves acusações que, independentemente dos futuros desfechos judiciais, hoje já causam desconforto ao Poder Legislativo e criam indesejado componente de desgaste para quem precisa da confiança e do voto popular. Todas as denúncias foram oficializadas por meio de manifestações junto aos órgãos competentes, a Polícia e o Ministério Público, e estão à disposição da sociedade. Costa e Vinagre se defenderam e negaram as acusações.
A acusação mais consistente, porque foi assentada pelo Ministério Público por meio do promotor de Justiça Luciano Bordignon Conte, é a que demonstra a ausência do vereador Luciano Costa do local de trabalho onde deveria dar aulas de Educação Física. Apesar disso, ele não deixou de receber seus salários durante os cinco anos e meio em que não foi à escola aonde deveria lecionar. O despacho do promotor Conte foi publicado pela 5ª Promotoria de Justiça no dia 25 de março deste ano.
Em sua defesa, Luciano Costa argumentou que não poderia dar aulas porque estava cedido à Prefeitura para prestar serviços na Secretaria Municipal de Governo. No entanto, o MPE afirma que não encontrou e nem tampouco o vereador apresentou o ato administrativo oficializando essa designação. Dos 15 vereadores da Casa, Costa foi o nono colocado nas eleições de 2016. Com solicitação do prefeito José Iunes (PSDB), pediu licença do mandato para chefiar a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável e depois reassumiu a cadeira legislativa.
BOLETIM POLICIAL
O caso de Vinagre tem procedência familiar. Sua ex-mulher Daniele, com quem conviveu durante 13 anos, o acusou de agredi-la e de ameaçar que iria publicar imagens íntimas dela nas redes sociais, de acordo com os boletins de ocorrência registrados na Delegacia de Polícia. O primeiro BO é de janeiro e foi feito em Campo Grande. Nele, Daniele afirma ter sido vítima de violência doméstica com agressões verbais, separações e ameaças.
Em junho do ano passado veio a separação e ela, segundo seu relato, só se reconciliou porque ficou muito amedrontada com ameaças. Chegou a dizer que em fevereiro o ex-marido lançou em sua direção o carro que dirigia e ela teve que se esquivar. Declarou no BO que Vinagre a advertiu que se não voltasse poderia “ter morte”. Chegou a ter suspenso pela Justiça o direito de visitar os filhos e aguardava uma audiência. O caso foi encaminhado à Delegacia da Mulher de Corumbá e está tramitando sob sigilo.
DEFESA
Licenciado da Câmara de Vereadores para presidir a Fundação Municipal de Turismo, logo que soube das acusações Rufo Vinagre apresentou-se espontaneamente à Polícia para colocar-se à disposição das autoridades e fazer seus esclarecimentos. Além disso, publicou uma nota oficial na qual se defende das acusações e garante jamais ter cometido qualquer ato de violência ou ameaçado Daniele.
Ao site Campo Grande News afirmou estar tranquilo: “Sei que não cometi nada do que foi vinculado na imprensa. Lamento profundamente o oportunismo de alguns, que tentam denegrir [sic] minha imagem, sem, contudo, buscar a realidade dos fatos. Confio na justiça e principalmente em Deus!”, assinala em nota oficial. Enfatizou ainda que com 13 anos de convivência é testemunha do caráter e da integridade da ex-mulher.
“Muito embora a relação conjugal não mais existir, temos como maior tesouro, os nossos três filhos. Como qualquer pessoa, enfrentamos dificuldades, e todos os fatos envolvendo a nossa separação serão mensurados pela justiça”, declara. Em princípio, Rufo Vinagre e Luciano Costa são candidatos naturais à reeleição em 2020, pois seus direitos políticos estão mantidos.