Os usuários dos serviços da Águas Guariroba estão sendo impiedosamente afogados pelo conjunto de dissabores que sofrem para ter os serviços essenciais de abastecimento monopolizados pela concessionária em Campo Grande. Além do exagerado valor que a empresa anda praticando, a conta chega com um acréscimo indesejado: a taxa de esgoto, cobrada até de quem não usufrui desse benefício, caso de milhares de pessoas que moram na periferia da cidade.
Dona de um contrato bilionário renovado a toque de caixa por um prazo quase a perder de vista, a empresa está no centro de uma irritada e ampla insatisfação social. Além das tarifas pesadas e das cobranças indevidas, o consumidor ainda tem sobre si a humilhante e impiedosa coação quando atrasa o pagamento e passa os dias temendo que seu hidrômetro seja fechado e a casa fique sem fornecimento.
No movimento que deputados estaduais e vereadores estão conduzindo com as organizações de controle social para barrar os abusos tarifários, a Águas Guariroba e a Energisa estão entre os alvos mais visados pela população. É intenção de parlamentares oposicionistas trazer de novo à tona o histórico detalhado do processo que da noite para o dia antecipou em dois anos o contrato pelo qual o Município renovou a concessão do controle do abastecimento à empresa, uma das mais endinheiradas do gênero no País.
Várias iniciativas da população e da Câmara de Vereadores para protestar contra os exageros das contas e propor soluções vêm sendo feitas. A Águas Guariroba, no entanto, habituou-se a não dar muita importância aos reclames da sociedade e se recusa a flexibilizar sua voracidade pelo lucro financeiro, em detrimento dos ganhos sociais.
Por esse motivo é que vem sofrendo alguns revezes. Em abril do ano passado, por exemplo, foi condenada pela 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça a indenizar em R$ 10 mil um consumidor de quem havia cortado o fornecimento de água indevidamente. Se tivesse na prática a decantada responsabilidade social que proclama nos discursos e releases à imprensa, com certeza esse absurdo não teria acontecido.